De nossos poemas mansos
Crescendo entre a inocência e a indignação
Traz dúvidas para o meu coração
Cantamos a paz, o bem, a fé e a esperança
Falamos até de Deus
Mas calamos perante a responsabilidade individual no encontro do social
Achamos culpados, crucificamos governantes, policiais, assassinos, bandidos
Com veemência levantamos a bandeira
Bradamos ao mundo a nossa dor
Pena que não busquemos antes a paz interior
Cada um de nós é autor do poema chamado vida
Precisamos assinar nossas obras assim como Deus assinou
O que estamos construindo ao nosso redor?
Como atuamos no palco da vida?
Como assistimos nossas obras?
Como interagimos uns com os outros?
Quantos morrem de fome, de frio embaixo da nossa porta e queremos falar de paz, de solidariedade, de fraternidade
Não damos conta que a desorganização exterior é consequênciada desordem interior
Pobres de nós poetas, trovadores
Sonhadores do amor sem dor
Cegamos na nossa boa intenção
Sem ter ainda a paz interior
Quantos já matamos com nossa indiferença
Quantas vezes passamos ao largo do nosso irmão cheio de carência
Quantos assassinamos com nossa omissão
Como podemos falar de compreensão
Negamos amor, perdão, tiramos ilusão
Sagazes, perspicazes, intelectualizados matamos a paz,
Traímos, somos infiéis com quem nos ama
Com um olhar certeiro atiramos na alma de quem tanto amamos,
Nossos filhos, que assistem a guerra no lar, sem nada poderem falar
E quantas vezes morremos...
Vamos antes, pensar em nós
Assassinos e assassinados diários, domésticos transferindo responsabilidades sem paciência
E como ter paz sem paciência se a paciência é a ciência da paz?
Vamos com calma entender que há necessidade dos escândalos, para que hajam mudanças
E elas, só acontecem na construção do pequeno para o grande
Por isso amigos, poetas, trovadores queridos irmãos,
Vamos arquitetar a paz cada um de nós com sua missão
Vamos dar as mãos nessa construção saindo da omissão daquilo que temos em mãos.
(Sperazzo)



